Conceitos de mobilidade no tênis
30 de outubro, 2019
Escribe: Mariano Gaute (TTP ®)
Quando falamos sobre o trabalho de mobilidade na quadra, precisamos abordar as habilidades motoras finas e situações que ocorrem durante uma partida. A ideia é poder analisá-las, identificá-las e estabelecer uma progressão para projetar os exercícios. Este artigo foi gerado a partir da leitura biomecânica e do trabalho realizado por colegas, bem como do resultado de extensas conversas com treinadores, com os que trabalhamos em equipe para melhorar o desempenho dos jogadores. No tênis, o tempo, a precisão e a velocidade de execução são decisivas: a análise de cada situação e movimento determinado pretende conferir a elas relevância e não esquecê-las no momento do treinamento.
Gravity Step: Passo Suspenso
Após executar um golpe, o jogador recupera a quadra com passos laterais, seguindo a jogada que está se desenvolvendo. No instante anterior ao oponente impactar a bola, esses degraus laterais são continuados com um passo no qual o jogador fica suspenso no ar: passo suspenso (Gravity step). Tudo ocorre muito rápido, entre a chegada da bola à raquete do oponente e a saída da mesma com uma certa trajetória. Os processos de leitura são desenvolvidos enquanto estamos suspensos no ar, para já entrar em contato com o chão, empurrando na direção em que o golpe oposto foi executado (Split Step).
Split Step: passo partido
- Cause to break: quebrar, romper.
- Separate: dividir, separar, cortar
Com essas duas definições – e já nos ajustando ao tênis – podemos nos referir ao momento em que mudamos ou rompemos a direção da corrida ou, mais especificamente, à maneira como iniciamos a corrida em direção à bola. Se Split significa dividido, separado, de que forma supomos que teríamos que ‘pousar’ no chão para iniciar o impulso da corrida?
First step: Primeiro passo
Este passo refere-se ao primeiro passo na direção da bola que o jogador faz após o Split step. Em geral, para cobrir a distância quando eu tenho que me mover lateralmente (devolução ou golpe do fundo), isso é feito com uma rotação externa do quadril. Quando corro para frente, faço-o com flexão do quadril.
Nas imagens, representamos as fases desde que o jogador lê para onde a bola está indo, analisa em seu cérebro e envia um impulso eferente com a ordem de correr em sua direção. Tudo isso acontece apenas milésimos de segundo antes de entrar em contato com o chão.
Voltando à definição, sabendo para onde devo correr, é conveniente aterrissar no chão em um passo dividido (Split step) e empurrar na direção escolhida. Acredito que pousar nas duas pernas, com o peso do corpo distribuído 50% e 50% nos dois pés, seria uma perda de tempo e esforço. O Split step representado nas fotos, permite percorrer uma distância maior no primeiro passo (first step), de forma mais rápida, eficiente e com a abertura do quadril para onde eu quero me mover (neste caso, rotação externa do quadril esquerdo).
Analisando vídeos e fotos, o Split step não é tão evidente em todos os jogadores, como o é em Andy Murray, que geralmente tem um gravity step alto e marca consistentemente o Split step. A pergunta para um estudo próximo seria se, no momento de aterrissar no chão, esses jogadores que aparentemente o fazem nos dois pés realmente têm o peso distribuído 50% e 50% em ambos os pés ou já têm uma porcentagem maior (porcentagem dividida de apoio) do peso do corpo no pé que os impulsionará na direção da corrida.
O conceito de Gravity step e Split step é um conceito de impulso, diretamente relacionado à maneira mais eficiente de iniciar a corrida em direção à bola, uma vez que a trajetória da bola é lida. O Split step é feito primeiro entrando em contato com o chão com o pé mais distante da direção em que a bola do adversário está indo. Um exemplo disso seria que as pessoas destras que se preparam para acertar um golpe de direita, ao fazer o Split step entrariam em contato com o chão primeiro com o pé esquerdo; apenas uma fração de segundo depois, o pé direito pisa o chão, mas já com o quadril girado, na direção em que o jogador se move (*1).
Agora, se seguirmos e aderirmos a esse conceito, como seria uma corrida para a frente (correndo um drop shot, por exemplo)? Uma maneira simples de defini-lo é como Mark Kovacs fez em seu artigo: “Entrado em contato com o chão com o pé mais distante da direção em que a bola está indo”. Se eu tiver que correr para frente, a perna que me move é a que está por trás. Isso implica que, depois de executar o gravity step e ler que eu tenho que correr para a frente, no ar e antes de pousar em um apoio dividido (split step), eu tenho que acomodar meu corpo para que a perna que me conduz fique mais para trás do que a que executará o primeiro passo (first step).
Bibliografía:
- Kovacs M. Movimientos del tenis: importancia del entrenamiento lateral. Strength and conditioning journal, 31(4), 77-85.
- Wordreference: web
- Biomecánica del Tenis
(*1) Kovacs M. Movimientos del tenis: importancia del entrenamiento lateral. Strength and conditioning journal, 31(4), 77-85.