Como melhorar a mobilidade no tênis
22 de abril, 2020
Autor: Esteban García Giménez
O tênis é um esporte que exige a tomada de decisões em frações de segundo, obrigando-nos a forçar os movimentos ao máximo e com um altíssimo nível de precisão, onde o menor erro de execução pode fazer o golpe falhar. Qualquer que seja o nível de competição, é possível melhorar, com treinamento físico, um dos aspectos mais importantes de todos: a mobilidade.
A importância da mobilidade
Uma qualidade muito importante e muitas vezes esquecida no treinamento físico do tênis é a mobilidade. Quando falamos em mobilidade fazemos referência à capacidade do jogador de se deslocar na quadra e de se posicionar para o golpe. O objetivo de todo treinamento físico deve ser que o tenista chegue da melhor forma possível para efetuar o golpe. Sem importar se é de longe ou de perto, em um rali de 20 golpes ou logo de cara no saque, no começo da partida ou depois de 3 horas. E para que isso aconteça, logicamente, é necessário ser forte, resistente, rápido e coordenado. Cada uma dessas qualidades deve ser trabalhada por separado na academia ou na pista. Mas também temos que integrá-las em conjunto na quadra de tênis com outras habilidades que estimulem uma mudança no nosso engrama motor. Porque de nada servirá ser rápido, resistente ou forte se não se chega da forma adequada para acertar cada bola.
Movimentos coordenados
Para adquirir um movimento coordenado e complexo, como por exemplo o deslocamento no tênis, particularmente no começo, vamos precisar dos engramas. Estes processos ocorrem no sistema nervoso central. Seria como a construção mental do movimento ou da técnica. Os engramas, padrões ou modelos teóricos traduzem-se depois em movimentos. É possível diferenciar dois tipos de engramas: o sensorial e o motor. O sensorial é o feedback, que capta a informação necessária para modificar (ou não) o movimento. E está muito relacionado com as experiências prévias. O engrama motor é criado quando uma ação motora especializada é realizada muitas vezes, repetindo o movimento. São esses padrões de movimento que definem como o corpo se movimenta no espaço, isto é, na quadra. Motor e sensorial trabalham em conjunto, se retroalimentando.
Metodologia
Para melhorar a cada dia a mobilidade na quadra com tenistas profissionais, nós utilizamos vários métodos que ao longo de muitos anos tiveram excelentes resultados. O objetivo é substituir os elementos raquete/bola por outros como a bola medicinal, barra de borracha e aparador de soco, simulação, etc. O objetivo é simplificar os estímulos e facilitar os movimentos (engrama sensorial). Há também outras variáveis, como o tempo de trabalho, intensidade, peso da bola medicinal, que nos ajudam a atingir objetivos físicos (força, resistência, coordenação, etc.). Se fizermos várias repetições com a técnica correta, iremos melhorar a nossa técnica de deslocamento (engrama motor). É por esse motivo que devemos trabalhar a mobilidade no treinamento físico separado do treino do tênis, complementando o trabalho do treinador, mas nunca substituindo-o.
PABLO CUEVAS URUGUAI – PRÉ-TEMPORADA 2019/2020.
O tenista uruguaio Pablo Cuevas realizando exercício de mobilidade com a bola medicinal de 1 kg. O objetivo é pegar a bola antes dela quicar, se possível na altura do ponto de impacto. O treinador físico arremessa a bola em qualquer direção. Em uma ação rápida de uma fração de segundo, o jogador deve “ler” para onde a bola vai e ajustar o perfil em razão da necessidade do arremesso, seja com passos curtos ou passos longos. O ajuste é realizado em todas as direções.
BEATRIZ HADDAD MAIA NA REPÚBLICA TCHECA 2019.
Este é um exercício com barra de borracha e aparador de soco que realiza Beatriz Haddad Maia. O objetivo é se movimentar o mais rápido possível para acertar o aparador. O treinador físico vai mudando as distâncias e as alturas, obrigando a jogadora a realizar constantemente ajustes repentinos. É muito importante realizar a técnica correta. Deve-se marcar bem o split, manter a base de sustentação ampla e baixar o centro de gravidade para manter a maior estabilidade possível.
GUIDO ANDREOZZI EM ROLAND GARROS 2018 – DOIS DIAS ANTES DA COMPETIÇÃO
Observamos Guido Andreozzi em Roland Garros realizando treinos integrados de coordenação, mobilidade e força. No começo realiza passos laterais por cima dos cones em velocidade máxima (coordenação). Pega a bola medicinal no ar e se desloca rapidamente para chegar bem apoiado para o backhand aberto ou fechado, conforme indicado. No caso do backhand aberto deverá chegar derrapando no saibro para atingir um maior alcance (mobilidade). Ao se deter, deve ter o equilíbrio adequado para realizar um gesto explosivo na hora de arremessar a bola de 2 kg o mais rápido possível (força).
Bibliografía
- Singer Robert. El aprendizaje de las acciones motrices en el deporte. Editorial hispano europea, España. 1986.
- Gallego del Castillo Francisco. Esquema corporal y praxia, bases conceptuales. Wanceulum editorial deportiva. 2010.
- Guyton Arthur. Hall john. Tratado de fisiología médica. Elsevier Saunders, 12 edición. 1956.