O desenvolvimento das habilidades básicas do movimento no tênis
12 de fevereiro, 2021
Autor: Nicolas Paccione
Hoje em dia, a preparação física eficiente de um tenista exige levar em consideração muitos fatores. Não apenas aqueles referentes ao aprimoramento de suas habilidades (saque, backhand, voleio) e capacidades físicas (força, resistência, potência, velocidade) mas também o desenvolvimento daqueles fatores que compõem os movimentos de base (mobilidade e estabilidade) necessários para fomentar o desenvolvimento seguro de todos os outros.
Por desenvolvimento seguro referimo-nos a que o trabalho destas bases se reflete tanto no desempenho (a partir do aperfeiçoamento da qualidade do movimento) como também na diminuição da incidência de lesões no final de uma temporada.
Pirâmide de desempenho ideal:
Desde os fundamentos do movimento até as habilidades específicas:
Esta imagem representa a importância dos fundamentos do movimento (parte baixa da pirâmide) como base para potenciar o desenvolvimento das capacidades do movimento (parte média da pirâmide) e melhorar fatores como a técnica e a habilidade esportiva (parte superior da pirâmide). A partir desta abordagem, propomos o treinamento de um tenista com base na educação do seu movimento.
Na prática corrente da nossa profissão, encontramos tenistas com habilidades específicas muito boas, mas com déficit importante em seus padrões de movimento de base (falta de mobilidade articular, falta de estabilidade, falta de flexibilidade, entre outras). Isto leva a diversas alterações e compensações que diminuem o desempenho, o controle motor e aumentam o risco de sofrer certas lesões.
Mobilidade vs. Estabilidade: Que estruturas do nosso corpo correspondem a cada uma destas funções?
Este gráfico representa o que Grey Cook e Michael Boile chamam “joint by joint” (“articulação por articulação”). Faz referência às demandas predominantes de mobilidade e estabilidade dos diferentes núcleos articulares do nosso corpo.
Esta abordagem propõe que há certas articulações que precisam ser mais estáveis (maior capacidade de resistir o movimento, maior controle motor), enquanto outras devem ser mais móveis (maior amplitude de movimento e flexibilidade) e que, portanto, se alguma articulação não cumpre a sua função, as mais próximas sofrerão as consequências.
Coloquemos como exemplo duas regiões do nosso corpo: quadril e coluna dorsal. Sabemos que estas duas articulações têm uma função predominante, que é a mobilidade. Fazendo um paralelismo com o tênis, um dos movimentos onde estas articulações se comprometem é o backhand, o que implica uma demanda no plano de rotação. O que acontece se estas articulações não cumprem com a rotação requerida para o backhand? O mais provável é que outra parte do nosso corpo que não está preparada para esta função faça a rotação. Geralmente, esta é uma das causas que podem estar envolvidas no desenvolvimento de uma lesão.
A nossa função como fisioterapeutas e preparadores físicos no tênis estará voltada não apenas ao desenvolvimento das habilidades específicas do esporte (por exemplo, melhorar a força do seu saque, a sua capacidade de reação, entre outras) nos nossos alunos, mas também reforçar essas bases do movimento, com uma visão de futuro para diminuir os fatores de risco de LESÃO e melhorar o seu desempenho.
Autores:
- Cook, G. (2010). Movement. Functional Movement Systems. California: On Target Publications.
- Peña, G., Heredia, JR., Segarra, V (2014). Functional Movement Screen (FMS) a la palestra: ¿Qué nos dice la ciencia?. G-SE.
- Martínez, Antonio (2015) Perfil preventivo deportivo: Una herramienta de valoración funcional